Para quem não sabe, a Paris que conhecemos hoje nem sempre foi assim. Nos idos de 1851 a 1870 foi efetuada uma grande reforma na cidade pelo então prefeito Georges-Eugène Haussmann, mais conhecido como Barão de Haussmann. Os objetivos da reforma de Haussman eram sanar as deficiências decorrentes do processo rápido de industrialização, construção de edifícios públicos que atendessem às novas demandas da população em crescimento, construção de estações ferroviárias, de hospitais, de edifícios administrativos, abertura de vias largas e bem arborizadas entre outros além de promover grandes melhorias nos sistemas de água e esgoto e a implantação de áreas verdes. Antes da reforma, a situação parisiense era dramática: ela possuia características medievais, como ruelas, casas amontoadas entre si além de muitas doenças causadas pelo ambiente insalubre.
Já o Rio de Janeiro, cidade esta que possuía características em comum com a Paris pré Haussmann, seguindo as tendências positivistas pelas quais as grandes cidades européias estavam passando, viveu também uma grande reforma que a colocou no Século XX.
Mas por que estou contando tudo isso?
O homem responsável por essa grande urbanização na cidade do Rio, que era a capital da nova república, foi o então prefeito Francisco Pereira Passos, que ficou conhecido como sendo o Haussmann Brasileiro. Este homem assistiu as reformas de Paris encabeçadas pelo Barão nos anos em que ele estudou por lá. Muitas coisas foram feitas por ele no Rio e eu gastaria muito tempo contando a história por inteiro. Abaixo tem um trecho de uma entrevista feita com o Pereira Passos em que ele fala sobre sua formação:
"Como era comum nas famílias de fazendeiros na época, meus primeiros estudos foram orientados por preceptores, dentro da própria fazenda. Depois, em 1850, vim ao Rio de Janeiro completar os meus estudos preparatórios para a faculdade. O fiz no Colégio São Pedro de Alcântara, administrado pelos padres Paiva, um dos melhores da cidade, onde também estudaram o Marechal Floriano Peixoto e o Dr. Oswaldo Cruz. Concluída esta etapa, ingressei na Escola Militar da Corte, em 1853, na qual me formei engenheiro civil, em dezembro de 1856. Após estar formado, aproveitei a influência do meu pai na Corte e consegui ser nomeado adido de 3a classe na legação do Brasil na França. Fiquei alguns anos em Paris, onde completei a minha formação na École de Ponts et Chaussés e acompanhei uma das etapas da reforma urbana conduzida pelo engenheiro Alphand, durante a gestão do Prefeito de Paris, Eugéne Haussmann. Depois, voltei ao Brasil e iniciei a minha carreira de engenheiro trabalhando para o Império."
École de Ponts et Chaussées? Será que eu entendi direito? Isso mesmo! Com todas as letras, digo, quase todas, já que Chaussées está escrito errado mas, como eu peguei na íntegra, preferi não alterar.
Legal, não?
Abraço a todos!