quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Vir ou não vir, eis a questão (?)

Hoje foi lançado o edital para a seleção da nossa quarta geração de duplo-diplomandos, a G4!

Já tive contato com alguns interessados, muitas pessoas nos procuraram para tirar dúvidas e perguntar sobre a vida aqui. Tem aluno já do primeiro período que ouve falar sobre o programa, procura no Google e acaba caindo aqui no Blog. Eu acho muito legal quando vejo que o programa está ganhando força. Acho super legal quando aparece gente nova interessada, fazendo perguntas e tal.

O Duplo-Diploma é um pouquinho mais do que ter dois diplomas, estudar numa escola fora do Brasil e fazer um estágio numa empresa de renome internacional. É muito mais do que acrescentar uma linha no currículo!

Quem está interessado em participar tem muito mais do que isso na cabeça. É a aventura de morar longe, de ter uma vida completamente diferente da vida no Brasil, de se virar sozinho, de viajar por países onde você não entende a língua e etc. Em fase de seleção para G4, imagino que muitas pessoas devem estar com a dúvida "será que vale a pena?", então resolví fazer esse post com argumentos positivos: "Sim, venha!"

Eu estava cheio de dúvidas no momento da inscrição. Eu queria fazer intercâmbio de 6 meses só, tinha medo de não aguentar tempo demais, namoro, saudades da família, amigos e etc. Resumo: vim, gostei e escolhí estágio longo porque achei 2 anos pouco!

Por que fazer o Duplo-Diploma?
  1. O próprio nome já diz: ter uma formação dupla, poder trabalhar na França, estudar na maior escola de engenharia daqui, bla bla bla...
  2. Mudar COMPLETAMENTE de vida. Aqui não tem rotina, não tem dia igual, tudo acontece muito rápido. Você conhece mil pessoas, mil lugares... Tudo é sempre novidade!
  3. Crescer. De repente você está num lugar onde as pessoas não te entendem, seus melhores amigos estão longe, faz um frio lascado, e mesmo assim você consegue se adaptar e gostar. Fazer novas amizades, experimentar coisas novas, tomar ferros que você nunca tomaria.
  4. Fazer projetos. A escola dá uma certa liberdade para criar projetos profissionais, tem cursos de concepção e inovação. E na Europa um monte de coisas que a gente nem sabe que existe no Brasil é parte do cotidiano. Você aprende a ousar, a tentar coisas novas. E ninguém tá lá pra reprimir e dizer "ah, isso aí não vai dar certo não sô! Perde tempo com isso não!".
Eu posso continuar a lista até o número 74, mas aí é foda, né...

Bom, se você quer fazer parte da futura G4 e está plantado cheio de dúvidas, FAÇA! Se é algo que você quer mesmo, não tem porque não dar certo!

Quem quiser tirar dúvidas sobre matérias, a escola e etc, pode mandar e-mail! Uma parte do pessoal da G1 (Pablo, Jonas, Lineker e Laísla) já voltaram e podem dar um retorno de experiências também!

Boa sorte a todos!

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Estágio longo e estágio curto

Fala galera !

Assim como no Brasil, dia 12 de outubro não tivemos aula por aqui. Mas não pensem que é por causa do dia das crianças. Na verdade, o evento do dia é o Fórum Trium. Mas afinal, o que é isso? Em linhas gerais, é um fórum no qual diversas empresas de renome dos mais variados setores de engenharia, comércio, auditoria e outros montam seus stands a fim de apresentar aos alunos de algumas das mais importantes « Grandes Ecoles » da França - sendo que a Ponts é uma delas – as possibilidades de estágio e de trabalho que cada uma tem a oferecer.

Muitos são os alunos que encontram seus estágios curto, longo ou PFE (Projeto de Fim de Estudos) nesse momento, já que lá os estudantes e recém formados têm a oportunidade de obter maiores precisões sobre as empresas presentes assim como de deixar seus currículos. E era nesse fórum que eu estava hoje em busca de um estágio de PFE.

Grosso modo, no que se refere ao tempo de estudos na ENPC, este é estruturado da seguinte maneira : faz-se três semestres de cursos além de um estágio longo ou curto e o PFE. Em nosso primeiro ano de Ponts, chamado na França de 2ème année, segue-se dois semestres de cursos ordinários no departamento pre-escolhido ainda no Brasil. Entre o 2ème année e o 3ème année, o aluno deve optar entre um dos dois tipos de estágios existentes, o longo e o curto. O longo tem a duração de um ano e o curto de dois meses. Se o aluno escolher o longo, ele se dedicara’ inteiramente ao estágio durante um ano de seu percurso acadêmico, sem fazê-lo concomitantemente com o curso. Se a escolha for pelo curto, o estágio sera’ realizado durante o período das férias de verão, que aqui é no meio do ano.

No 3ème année - independentemente do tipo de estágio escolhido - o aluno faz mais um semestre de curso e nos seis meses restantes o PFE. Este se assemelha à Monografia de fim de curso da Engenharia Civil da UFMG. A diferença esta’ no fato de o PFE ser feito em uma empresa, o que não é o caso da Monografia. Breve, ele tem por objetivo fazer com que o aluno coloque em prática os conhecimentos adquiridos durante o curso no seio de uma empresa. O objetivo do estudante é encontrar soluções para questões de diferentes naturezas dentro de uma empresa, seja de gestão, operação ou até mesmo de inovação e outros.

Depois dessa pequena explicação, vocês já devem ter percebido que o intercâmbio durará três anos para os que fizerem o estagio longo e dois anos para os que fizerem o estagio curto.

Diferentemente dos meus outros 12 camaradas duplo-diplomandos, (G2 da UFMG e G9 da USP) decidi de fazer o estágio curto. Apesar de eu cursar « Ambiental «, eu o fiz na área de Engenharia Civil, já que as ofertas de estágios curtos naquela área eram escassas.

Em resumo, fiz meu estágio em uma empresa que trabalha no setor de concepção e construção de redes, sejam elas de transporte de água, de energia elétrica ou de telecomunicações. Eu trabalhava num projeto de implantação de uma rede de fibra óptica em uma região próxima a Paris. O estágio era ora no canteiro ora no escritório.

Posso dizer que tive “sorte” com o meu estágio, já que ele era bem dinâmico, a remuneração era razoável, - o que na maioria das vezes não é a realidade dos estágios curtos - tinha um carro à minha disposição durante os dois meses (aprendi na marra a dirigir! hehehe) além de um auxílio refeição relativamente gordo (oportunidade única para conhecer diferentes pratos franceses!).

Balanço pessoal : achei o estágio muito fino. Tive a oportunidade de vivenciar um pouco do dia a dia de um engenheiro assim como suas responsabilidades e desafios. O assunto pode não ter sido um dos mais interessantes, mas o que eu aprendi dentro de um ambiente empresarial foi de extrema importância e de incalculável valor para a minha vida profissional e pessoal.

Valeu a pena fazer o estágio curto? Sim. Para mim valeu muito a pena e não me arrependo de tê-lo feito. Dois meses foi o tempo ideal para que eu pudesse adquirir os conhecimentos necessários do ofício com o qual eu trabalhava sem que este se tornasse enfadonho e rotineiro.

Estágio longo ou estágio curto? A resposta para esta questão é delicada e exige a análise de diversas variáveis antes da tomada de decisão. Tanto um quanto o outro tem suas vantagens e desvantagens quando comparados entre si. A sugestão que eu deixo a um « p’tit » é a de que ele converse com veteranos que tenham feito o curto e com veteranos que tenham feito o longo. Assim ele terá’ duas visões, o que lhe facilitará na tomada da decisão final.

Conselho aos que passam por esta situação: evite tomar decisões acerca do estágio baseando-se somente no «embalo» de seus camaradas, ou seja, pelo simples fato de a maioria ter escolhido um determinado tipo de estágio. Siga o que você acha que será melhor para o seu futuro profissional e pessoal. Quando estamos aqui, a relação com nossos camaradas é muito intensa. E’ como se a gente fosse uma família, uma espécie de porto seguro em todos os momentos. Desse fato, está sujeito de a pessoa sentir-se “dividida” para tomar decisões que às vezes implicam em seguir caminhos diferentes dos demais.

Outra: seja flexível, evite fechar as portas para novas possibilidades. Mesmo que você tenha um tipo de estágio de preferência (seja longo ou seja curto), não descarte de tudo o outro, pois você corre o risco de perder algo que talvez fosse melhor do que o esperado.

Boa semana a todos.

Abraços

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Estagio Longo

Tenho que começar ja lamentando a minha ausência neste blog desde sempre.... Nunca tive um blog e acho meio estranho escrever aqui... mas bom, hoje recebi uma mensagem no facebook perguntando do programa, fui passar o endereço do blog mas pelo visto as informações não estão atualizadas.

Então, muita coisa se passa em 2 meses... Tudo acontece rapido aqui. Lembro-me de um medinho que eu tinha de fazer estagio longo e chegar a noite em casa e ficar sozinha e sem nada pra fazer... Pode parecer estranho esse medo de não ter nada pra fazer. Mas é que no primeiro ano a gente estava sempre tão ocupado com as provas e trabalhos que quando tudo acabava eu me sentia realmente perdida! Mas bom, no primeiro ano morávamos todos juntos e nem se eu quisesse eu conseguiria ficar sozinha por muitas horas...

Mas enfim, eu vim decidida a fazer um estagio curto e mudei de idéia completamente. As razões que me faziam querer o curto eram: dois anos é um tempo muito bom já e eu tenho um namorado. As razões que me fizeram mudar de idéia... Varias!

Pra começar o meu namoro estava suportando bem a distancia. Então cheguei a conclusão que um ano a mais não seria problema. Em seguida eu realmente tinha me surpreendido muito com a escola... Acho que depois vou abrir um tópico só babando o ovo da escola e dizendo tudo que é diferente e que faz toda a diferença para a sua formação.

Em seguida, foram as amizades que foram se formando ao longo do ano. Não sei se acontece sempre assim, mas no meu ano em particular nós fomos uma turma muito unida. Digo da turma dos 13 brasileiros que vieram no meu ano. Foi formada uma espécie de família aqui e isso realmente contou muito na minha decisão, eu não consegui me separar da turma... rsrs...

Sem contar que fiz muitas outras amizades na escola também. Fiquei amiga de muitos estrangeiros e é muito bacana você conhecer outras culturas, outras formas de pensar, outros pontos de vista... Não é qualquer lugar que você tem essa oportunidade de conhecer e interagir com tantas culturas diferentes.

E por fim, porque apareciam ofertas de estagio realmente interessantes. Eu sou do departamento GCC (engenharia civil e construção) e é uma área com o mercado mais amplo. Teve gente que teve dificuldade pra achar estagio, mas acho que foi um pouco de falta de experiência nossa em procurar também. Tem bastante oferta e a escola é muito reconhecida. Particularmente não foi difícil, mas eu também não fui muito exigente porque não sabia direito o que queria fazer.

Eu hoje estou no departamento de estudos gerais e projetos da SNCF. Traduzindo é a sociedade nacional de linhas férreas. É um órgão publico. Basicamente, fazemos os projetos das linhas férreas novas e manutenção das antigas. No meu departamento, nos ocupamos da parte de geotecnia/terrassement, hidráulica/drenagem e traço ferroviário.

Então, o estagio não é bom 100% do tempo, tem hora que fico à toa, esperando os outros me passaram as coisas e isso tem vez que é realmente triste. Cheguei a ficar uma semana sem nada pra fazer. Mas isso esta se tornando cada vez menos freqüente, com o tempo você vai conquistando a confiança das pessoas e se tornando mais independente.

Em relação ao ambiente de trabalho, esse foi o ponto que mais me surpreendeu. Na escola eu não conseguia me interagir com os franceses e achava que no estagio seria a mesma coisa. Mas apesar de eu ser a única estagiaria, a turma que trabalha comigo é jovem, media de 27 anos, e isso acho que facilita muito. Almoçamos sempre juntos, e ainda tem os esportes que ajuda ainda mais na interação.

Em relação ao nível técnico o meu estagio tem deixado a reservar. Mas não foi isso que eu estava procurando também, então não posso reclamar. Eu queria ter uma melhor noção de como funciona o trabalho em equipe desses grandes projetos, como as coisas são organizadas, como o chefe coordena sua equipe, em qual ordem as coisas são feitas... Então, até agora no meu estagio não me serviu de nada aqueles cálculos que eu ficava fazendo na escola, mas sinto que a base foi boa para tudo. Mesmo o que não sei fazer, tenho no mínimo uma noção do que se trata e por onde eu posso começar.

Pra dar um exemplo do que eu faço, no momento eu estou trabalhando na elaboração de uma campanha de reconhecimento geotécnico de um projeto de criação de uma nova via que procura uma solução de desenvolvimento durável. O problema é que o projeto só vai realmente ser feito ano que vem, mas você já aprende bastante preparando toda a documentação necessária pra campanha.

Enfim, gosto bastante do estagio e até agora acho que todos os meus amigos também estão satisfeitos. Agora o melhor disso tudo é o fato de você estar em paris e não ter absolutamente nada pra fazer depois das 18hs!

Ahhh! Hoje nem entendo mais porque é que tinha medo disso!Não sobra tempo pra nada... sem contar que direto rola de fazer pequenas viagens nos fins de semana.... Você compra a passagem com 1 mês e meio de antecedência e voilà! Em um ano da pra conhecer um bocado da Europa!

No momento os brasileiros estão vivendo uma fase cinema! Rola uma promoção aqui de 20€/mês, cinema ilimitado. Eu não entrei nessa, mas fui das poucas exceções.

Além disso, quase tudo que você queira fazer e nunca fez porque era caro, aqui se torna possível. Eu tava olhando, por exemplo, outro dia equitação (bem caro no Brasil) e apesar do esporte não ser dos mais baratos, ainda é possível com meu salário de estagiaria. Enfim, fica até dificil escolher o que vou fazer...

Agora o duro dessa vida de estagio longo é encontrar um lugar pra morar... Eu dei uma sorte, encontrei perto de paris uma casinha bonitinha que não precisou de um fiador. Isso é muito raro, so consegui porque morava um brasileiro antes. Os outros que conseguiram foram também contatos. Quem não tinha contato, acabou indo pra residência de jovens trabalhadores que (não conheço muito) parecem não ter um publico muito simpático.

Além de extremamente cara, Paris não gosta de estrangeiros. Então você sempre perde prum francês. Mas até pra eles é bem difícil.

E ai como se não bastasse toda a dificuldade em encontrar um teto pra morar, você tem mais dificuldade ainda pra regularizar sua situação na frança. A escola se ocupa dos seus papéis no primeiro ano e no segundo ela se ocupa de quem mora no departamento dela ou em Paris. Como eu não estou em Paris, tive que fazer tudo por minha conta. 5 horas de fila na prefeitura pra marcar um dia pra mostrar meus documentos. Isso mesmo, 5 horas de fila pra mulher chegar e te dizer em 1 min que você volta daqui a 5 meses pra mostrar seus documentos. O detalhe é que meu visto já venceu desde agosto.

Ai depois tem as dificuldades de comprar movéis sem ter um carro... cada dia você vai, compra uma coisinha, carrega um super peso num metro lotado e quando chega em casa ainda tem que montar tudo...

Bom, tudo isso gera stress e você fica se sentindo um Zé ninguém. Mas algumas horinhas depois tudo passa e você toca o F...

Ahhh não sei se consegui descrever um pouquinho do que vem acontecendo nos últimos 2 meses... mas espero que a galera ai ajude e conte dos estágios/moradias/vida deles!

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