quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Nem tudo são flores...

Antes de vir para a França, eu lia todos os relatos possíveis, acompanhava os veteranos no Instagram e ficava maravilhada com tudo o que era mostrado. Porém, eu não tinha a percepção que nem tudo eram flores...

O intercâmbio, em si, não é algo fácil. Desde que você decide passar pelo processo seletivo, muitas coisas mudam - pelo menos, mudaram para mim: tive que me esforçar muito mais no curso, além de conseguir conciliar a vida pessoal com a vida acadêmica (mais projetos, estágio e pesquisa). Depois que eu passei no processo seletivo, recebi a carta de aceite, organizei toda a viagem e, enfim, cheguei na França, pensei que as coisas seriam iguais as do Instagram. Mas, não foram.

Essa é a minha experiência e pode ser que outras pessoas tiveram vivências totalmente diferentes da minha. 

Ao chegar na EIVP, não tinha um responsável pelos alunos estrangeiros. Os veteranos sempre falavam muito bem da RI da EIVP, porém eu não tive contato com ela, o que dificultou um pouco o meu processo, pois não tinha uma pessoa específica para me ajudar com os transmites de documentação (como alojamento, cartão de passagem e acessos da EIVP).

Por mais que você estude é difícil saber os termos técnicos da faculdade e há muitos. Nos primeiros momentos eu me vi pensando várias vezes se eu estava no lugar certo, porque é muito frustrante não conseguir acompanhar as aulas e ficar para trás nas explicações. Alguns professores não entendem isso: eles querem que você apresente no primeiro dia de aula, querem que você tenha a mesma capacidade de comunicação dos nativos. Isso não é geral, mas pode acontecer. A maioria dos trabalhos na EIVP quem escolhe os grupos é a escola, então pode acontecer de você cair em um grupo que não seja legal contigo e isso também aconteceu comigo.

Devo enfatizar que não estou escrevendo esse texto para te desmotivar, mas para te esclarecer que algumas coisas podem acontecer no seu processo de intercâmbio. Acredito que se eu soubesse de algumas coisas, eu estaria melhor preparada.

Voltando a história do grupo, eu basicamente fui expulsa (💩) do grupo de comunicação que participava, porque eu e outra brasileira éramos as responsáveis por apresentar um trabalho e os outros integrantes franceses do grupo não nos achavam capaz. Não exista a possibilidade de expulsão e mesmo que houvesse, foi algo que me fez ficar bastante desmotivada, pois havia uma preparação antes do trabalho e ouvir de alguém que você não é capaz trás um desânimo. E não tinha ninguém responsável por nós, estrangeiros, para procurarmos ajuda...

Algumas pessoas dizem que nos desenvolvemos bastante no intercâmbio, mas eu não pensava que era nos tropeços pelo caminho. Esses dois primeiros meses na França tem sido assim, vivendo um dia de cada vez para não surtar completamente. A cidade tem seus pontos positivos, ter um diplo diploma é algo fascinante, mas é preciso estar disposto a passar por essas oscilações e ainda assim, se manter de pé (para depois cair de novo).

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domingo, 26 de setembro de 2021

Vacinação e Visto


O texto de hoje está um pouco atrasado, mas gostaria de seguir uma certa linha de raciocínio. Desde a última publicação, muitas coisas aconteceram.

Primeiramente o governo da França liberou a entrada de estudantes com vacinação completa: 

- 21 dias após a dose da Janssen;
- 7 dias após a 2ª dose da Pfizer ou AstraZeneca.

Para quem havia sido vacinado com Coronavac ou não havia sido vacinado, não poderia entrar. Essa publicação ocorreu por volta de meados de julho. Muitos estudantes ficaram aliviados, principalmente porque os consulados começaram a publicar nos sites oficiais com textos tendenciosos sobre a reabertura do processo de visto dos estudantes. Entretanto, quem não se encaixava nas descrições de totalmente vacinados foi um completo desespero: e essa era a minha realidade.

Belo Horizonte se mostrou extremamente difícil para ajudar a resolver esse problema, não adiantando a vacinação para os estudantes. O estado do Espírito Santo vacinou todos os seus intercambistas, assim como Juiz de Fora. Em algumas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, os estudantes conseguiram se vacinar, mas nas capitais foi mais difícil. Sendo assim, cada estudante em sua cidade procurou e se desdobrou para conseguir se vacinar. 

Não foi algo fácil e espero que o processo de 2022 seja bem mais tranquilo. SE VACINEM!

Em agosto ou setembro, o governo Francês abriu as fronteiras para todos os estudantes, de todas as zonas (verde, laranja e vermelho), desde que seguissem alguns critérios de acordo com o local de partida (Brasil até hoje é zona vermelha) e o processo de vacinação. Aconselho a leitura de alguns sites para retirarem suas dúvidas, embora isso possa mudar com o tempo: 

Tanto a EIVP quanto a ENPC, enviaram e-mails aos alunos sobre a possibilidade de adiar a entrada: a EIVP para o 2º semestre (entrada em fevereiro) e a ENPC para entrada em outubro. Porém, para ambos os casos, acabaríamos "perdendo" parte do intercâmbio, então todos os alunos do G20 buscaram se vacinar e resolver os problemas para entrarmos em setembro (no caso, as aulas da ENPC começaram no final de agosto). 

Você só pode começar os transmites do visto com 3 meses antes da sua data de chegada na França (a data que está na carta de aceite). Primeiro você fará sua inscrição no Études en France, pagará uma taxa (se não for bolsista) e após, o consulado irá te convocar para se apresentar com a documentação. Cada consulado tem uma documentação específica e é aconselhável você utilizar a lista do seu consulado (Brasília, Rio de Janeiro ou São Paulo), pois não necessariamente um documento X no Rj será solicitado em Sp. Tem tudo explicadinho no site dos consulados e nesse momento, a leitura é muito importante, pois acabamos criando N paranoias e, às vezes, são coisas simples de se resolver. 

Após receber a carta de aceite da faculdade, eu aconselho a já começar organizar a documentação (visa de longa duração/ visa de long séjour). Parecem ser poucos documentos (e são!), mas alguns demoram para ficar prontos, como o passaporte e as declarações de idoneidade bancárias. Não espere os 3 meses anteriores a sua viagem para começar a organizar a sua documentação, comece o quanto antes. Tem alguns documentos que tem uma data máxima de expedição, mas outros não, como as fotos e xerox do passaporte. Pode acontecer de você finalizar a inscrição no Études en France e ser chamado dali 2 dias para o consulado. Caso você não tenha toda a documentação, eles recusam o seu visto. Outra coisa a se atentar é a foto do visto. No site do consulado tem todas as especificações de como a foto DEVE ser e como ela NÃO PODE SER. São coisas pequenas, mas já li alguns relatos de pessoas que passaram por alguns problemas no consulado por conta dessas minúcias. 

A convocação dos vistos foi feita de acordo com a necessidade de se estar na França. Os alunos da ENPC precisavam chegar na semana do dia 23 de agosto, então o consulado os convocou antes dos alunos da EIVP que eram apenas em setembro. Os vistos demoram 15 dias úteis para ficarem prontos. O meu saiu com 6 dias, mas varia de caso a caso. Após entregar os documentos no consulado, eles irão te entregar um papel para a retirada. Depois você recebe um e-mail para buscar. Você pode ir pessoalmente ou deixar um documento seu de identificação (ou xerox), o papelzinho e uma carta de próprio punho autorizando uma pessoa X a buscar para você. No e-mail que você recebe não te falam se aceitaram o seu pedido ou recusaram, você vai saber na hora. Mas para visto de estudante é bem difícil recusarem se você entregar toda a documentação que estará na lista. Algumas pessoas foram solicitadas a enviarem mais documentos por e-mail. Ah! Uma coisa a se atentar é se você não tiver bolsa, precisa comprovar uma renda de 615€ por mês durante o seu intercâmbio. 

Os consulados não controlaram a emissão dos vistos de quem era ou não vacinado. Essas informações foram verificadas no embarque no Brasil e, principalmente, no desembarque na França.

Depois de toda essa loucura de vacina e visto, o G20 embarcou! A galera da ENPC foi na frente (final de agosto) e nas primeiras semanas de setembro, o restante da EIVP.

Esse texto é mais informativo sobre os passos a passo a serem tomados. Não fique ansioso, pois os procedimentos são como um caminho que você tomará após ser aprovado. Se quiser conversar sobre, me chama !


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sábado, 26 de junho de 2021

Incertezas da pandemia

No final de 2018, eu decidi que tentaria o duplo diploma. A partir desse momento, comecei a procurar as pessoas que já haviam passado pelo processo para fazer N perguntas e me situar - além de que, desde aquela época, eu já sentia uma ansiedade de tudo o que eu passaria. Porém, quando eu conversava com algumas pessoas, eu não sentia aquela empolgação que eu pensava que a pessoa teria. Ao meu ver, passar em um processo seletivo de intercâmbio era algo tão longe da minha realidade que se alguém ganhasse essa oportunidade, seria feliz eternamente.

Depois que eu fiz o processo seletivo, nem tive tempo de ficar ansiosa pela resultado, pois no mesmo dia eles divulgaram os selecionados. No momento em que vi o meu nome, mil coisas passaram pela minha cabeça, misturando felicidade e medo. Felicidade por toda a caminhada que eu passei, porque manter as notas não foi algo simples e fácil, além de que eu tinha que ir bem na faculdade, aprender uma nova língua e ainda participar de iniciativas extraclasse. E o medo que eu senti foi pelo desconhecido: eu nunca viajei para fora do país, não sei se as pessoas irão me entender (e eu entendê-las), além de ter que dar um jeito para qualquer problema que aconteça sem o apoio da minha família ali do lado. Acho que esses medos ainda persistem...

O processo seletivo costuma ser em setembro/outubro e se você passa para a Ponts, a partir do momento da aprovação, você começa a organizar as papeladas. Basicamente você precisa montar o seu dossiê e enviar para a escola aprová-lo como aluno (e receber a sua carta de aceite). E sim, cria um medo da escola não nos aprovar, PORÉM isso nunca aconteceu. Caso você passe para a EIVP, esse processo será apenas no outro ano, por volta de maio/junho. A documentação depende de cada escola, mas não é nada extremamente difícil. Acredito que a parte que mais precisamos ter atenção seria a carta de motivação, pelo menos foi o documento que eu mais demorei para produzir (e é francês). Ah! Outra coisa importante são os certificados de proficiência: para a Ponts, você precisa comprovar o francês e inglês em A2 (GCC) e B1 (VET). Na EIVP não pediram comprovante, mas eles perguntam o seu nível. Nas duas escolas, para você formar, precisa ter proficiência B2.

Enfim, no meu caso, eu fiquei um longo tempo esperando para enviar a documentação (porque eu passei para a EIVP) e nesse período, algumas pessoas me chamaram para saber sobre o processo. Eu achei um máximo, porque eu amo falar sobre o duplo diploma, mas foi nesse momento que eu vi que eu não estava tão empolgada quanto eu imaginava estar. Um amigo me disse que ficou totalmente eufórico (e ainda está...) desde que passou no processo, mas eu continuo "neutra". Fico pensando nas incertezas, principalmente em conta da pandemia. Desde abril, as fronteiras estão fechadas para os estudantes. Estamos em junho e o processo de visto está parado. Não sei se irei embarcar neste ano, nem se farei o intercâmbio em 2021, porque as chances das escolas darem aulas remotas são bem baixas, visto que na França está quase tudo OK.

O que me resta é esperar, havendo a possibilidade de tudo se resolver em pouco tempo (ou não).


 


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