segunda-feira, 23 de julho de 2018

Moradia e contratempos

Bom dia!


Faltam menos de uma semana para os primeiros 4 da G17 pisarem em solo francês. Vamos sair dia 27 do Brasil e passar não sei quantas mil horas dentro de um avião, em que finalmente vou poder confirmar se pessoas de 1,83m de altura sofrem em viagens internacionais. Espero que seja de boas e eu consiga dormir uma boa parte do tempo.

Mas então, o post não é sobre isso. Aconteceu um problema meio chato com a alocação de quartos na residência universitária que iriamos ficar próximo a faculdade (pra quem vai pra ENPC). A maioria dos BRs que vão não recebeu o e-mail confirmando nosso quarta e, quando fui cobrar a responsável ela disse que não haviam mais vagas lá e que eu seria alocado em uma outra residência, a 45 minutos da Ponts. Receber essa notícia a menos de uma semana do dia da viagem foi assustador e quebrou todo o planejamento que tínhamos estabelecido.

Meunier - FOTO: Reprodução Google Maps
A nossa primeira opção seria ficar na Meunier, muito próximo a faculdade (2 minutos andando), ela sendo o local em que os estudantes do 1º ano ficam e os estrangeiros também podem solicitar morar lá. Bom, a gente ficou sabendo que os veteranos todos moraram lá e aplicamos para um quarto logo quando foi possível. Só que aparentemente não encontraram o nosso e-mail.

Com isso, alguns já foram encaminhados para a Maison des Mines, que fica no centro de Paris mesmo. Ela é próxima a Sorbonne, Jardin du Luxenbourg e do Pantheon. Muito bem localizada e com um aluguel um pouco abaixo da Meunier. O problema são os 45 minutos de distância mesmo, sendo necessário depender do transporte público todo dia para chegar a Ponts, acordando um pouco mais cedo e chegando um pouco mais tarde.

Maison des Mines - FOTO: Reprodução Google Maps
Ainda não foi decidido o que vai acontecer, mas o fato é que de acordo com a responsável pela alocação de quartos não há mais vagas na Meunier e iremos ser alocados na Mines. E nem dá pra ser resolvido agora, já que a mulher está de férias até dia 3 de agosto. Vamos ter que olhar isso lá pessoalmente nesse dia.

Mas assim, ambos os lugares tem sua vantagem e é bom deixar registrado que existe sim a possibilidade de solicitar ser alocado nos dois. Confesso que eu imaginava que a Maison des Mines era só para pessoas que não estão no 3º ano e a Meunier para o 2º.

Bom, depois volto com mais novidades!

À bientôt! 
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segunda-feira, 16 de julho de 2018

Tópicos sobre o Processo Seletivo



Olá, pessoal!

Aproveitando que o semestre chegou ao final e o sentimento predominante é o alívio por ter acabado, teremos mais oportunidades de estar aqui comentando algumas coisas. E, por que não começar os trabalhos com um post realmente informativo: queremos abordar alguns dos tópicos que mais geram dúvidas. 

Eu ia fazer algo detalhando várias perguntas frequentes de uma só vez, mas ia ficar maior do que a Torre Eiffel, daí decidi por separá-lo em alguns menores pra poder ter mais e mais informações. Lembrando que muitos dos posts antigos ainda são muito válidos, então se você é novo aqui não deixe de dar uma olhada!

Sem mais delongas, allons-y! 

Vocês já devem ter ouvido de tudo sobre como é a seleção, mas a grande verdade é que ela não mudou tanto desde que o Lopes escreveu aqui pela primeira vez. Claro que isso pode se alterar para o próximo semestre, mas considerando o histórico é muito provável que ela seja em 3 etapas: inscrição, prova e entrevista.

É aberto um edital normalmente no final de outubro em que vocês devem se inscrever para participar das outras etapas, se perceberem que o edital está atrasando muito corram atrás do Roberto Márcio e do Nilo. São documentos que vocês já tem: CV, histórico, identidade, etc.

Logo após tem uma prova pra avaliar seu nível de francês. Vocês tem 1 hora para responder algumas questões sobre um texto bem grande que lhes é passado. O vocabulário não é dos mais fáceis, mas quem estuda francês consegue se virar bem, especialmente com a questão argumentativa. Aqui cabe uma dica: o Huly e eu fazíamos francês particular e conseguimos moldar boa parte das nossas aulas para conseguir fazer bons textos argumentativos. 

A parte mais determinante é a entrevista que é feita com o Nilo e o Roberto Márcio em francês. Vão te perguntar qual departamento você quer, quanto tempo estuda francês, por que quer ir estudar na França. Essas coisas. Não é muito difícil e o Nilo é um amor, então ele vai te ajudar.

Resultado de imagem para estudar
FOTO: Reprodução https://www.maycondelpiero.com.br
Após isso vocês aguardam o resultado, que não costuma demorar muito (acho que o nosso foi 3 dias). A avaliação é um tópico controverso que é uma dúvida de geral, e até mesmo nossa. É critério dos dois professores definir os estudantes aprovados e, analisando o histórico, não tem um padrão muito claro. 

Não costuma ser por órdem de RSG (se os RSGs forem próximos), mas normalmente os maiores RSGs ficam sim como melhores colocados e, consequentemente, com a garantia de bolsa de imediato. Existe escrito em algum lugar que não me recordo que a escolha é feita com os pesos de 50% para o RSG, 30% para o Francês e 20% para seu Curriculum.

"Ah, mas meu RSG é bom o suficiente?" Isso depende muito, meu pequeno gafanhoto. Vai variar de ano a ano das pessoas que estão concorrendo com você. Eu acho que uma boa referência para se ter é que acima de 4,5 é quase garantido que você vai ter bolsa (se a situação atual continuar). Mas é bem possível conseguir ir com RSG em torno de 3,5-3,8. Então se você realmente tem interesse em fazer esse intercâmbio, corra atrás dos coordenadores mesmo que você não fique na lista que eles divulgam como "os classificados". Se fizer isso, provavelmente nos veremos na França!

Iniciação cientifica é sim um diferencial e vai te ajudar a escrever a sua carta de motivação. Tenho impressão que eles avaliaram muito bem as monitorias no departamento de matemática. Recomendo muito fazer, não só pelo Duplo Diploma, mas sim porque é uma experiência muito legal.

Por último, o Francês. Recomendo começar a fazer o quanto antes. Comece no CACS, CENEX (que não precisam de muito investimento) ou Aliança Francesa, se tiverem condições. Eu comecei no segundo período. Mas assim, se as suas notas são uma das maiores do seu ano mesmo com pouco estudo de Francês, você ainda tem muita chance de ser classificado. Não desista!

Qualquer dúvida, os comentários estão abertos e a gente ta aqui pra responder! À bientôt! 
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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Três aprendizados desse primeiro ano sem bolsa na França


Lembro de uma das minhas primeiras aulas na faculdade, em que um professor falava sobre as oportunidades de intercâmbio em diversos países. Todos estavam animados, se sentindo desafiados pela proposta. Me lembro que na época sobravam bolsas. A maioria das salas de graduação, pós-graduação e afins eram compostas principalmente por veteranos falando onde fizeram seu intercâmbio, onde fariam ou que era pra fazer logo pois estava certo que iam cortar as bolsas.

Nesse mesmo ano, a situação financeira da minha casa tinha chegado no limite em que se escolhe qual conta pagar e qual atrasar. O ano em que entrei na faculdade foi o mesmo ano que pela primeira vez faltou dinheiro pra transporte e pra comida. A FUMP me forneceu as assistências que podia, que me foram de grande ajuda, mas não chegava nem perto de dar tranquilidade pra estudar. De certa forma, eu sabia que se eu quisesse vir pra França, seria por um caminho cheio de obstáculos de todas cores e tamanhos. E foi assim. Desde ir de bicicleta pra UFMG pegando o Anel Rodoviário até passar dias inteiros batendo de porta em porta procurando emprego ou uma bolsa de iniciação cientifica.

Pensei em desistir a cada obstáculo. Desistir sempre foi e sempre será o caminho mais fácil, confortável e menos doloroso. Mas esse ano que passei aqui na França, tendo que trabalhar e estudar aqui, usando a habilidade de manter a consciência num nível em que é possível gerenciar o tempo e superar mentalmente cada dificuldade, nada disso seria possível sem ter passado por isso antes na UFMG.

Um mês antes de pegar o avião, sonhava continuamente que estava na França. Acordava suando frio no meio da noite. Tentava aprender tudo que fosse possível, cada trajeto, cada traço cultural, cada tabu, personalidade, pensamento. Quando pisei na França, fui recepcionado por duas pessoas. Gabriel, um grande amigo e Isabelle, a pessoa com quem aluguei um quarto a 50 minutos de Paris pra pagar metade do preço de um aluguel normal (aluguel médio de Paris morando sozinho = 700 euros). Ela foi muito gentil em me receber no aeroporto, me ajudar em todo meu processo como estudante na França, todos os documentos, currículos, dicas e possíveis riscos e eu tentei retribuir de toda forma que eu pude. Talvez essa seja a primeira lição : uma lição altruísta.

Quanto mais você se doa pra alguém aqui, mais essa pessoa se doa pra você. É uma relação saudável que não depende de expectativas nem de julgamentos. É uma ajuda simples e boba, sem esperar nada em troca, que muda toda sua relação com as pessoas ao seu redor e como você se sente no ambiente que te cerca.

É verdade também que nos meses que se passaram, percebi o quanto era dependente das pessoas ao meu redor. Perdi toda referência de quem era e todas as minhas seguranças tao bem construídas no Brasil, não eram mais  verdade. As pessoas mais próximas que realmente se importavam comigo, que sabiam quem eu era e que eu sabia quem eram, estavam do outro lado do oceano. Às vezes pensei se era culpa das diferenças culturais toda a solidão que sentia, mas não era.

Na verdade, a cultura francesa e a brasileira são próximas. E ainda mais quando alguém ouve a palavra Brasil. Na mente da pessoa, a ligação entre Brasil, carnaval, futebol e felicidade é instantânea. Então todo lugar que chegamos, somos muito bem recebidos - porque afinal, recebemos esse pessoal muito bem na nossa casa.

No conjunto de coisas boas, ruins, intersecções e não pertencentes aos conjuntos, a dúvida foi sempre o que mais me incomodou. Não ter certeza sobre o momento, sobre ter o que comer, ter onde dormir, não ter controle sobre a situação pessoal, acadêmica, profissional nem financeira pra realizar o melhor possível no tempo disponível. Aprendi uma lição egoísta.

É na solidão completa de estar no meio do desconhecido que a dúvida se agrava. E é por isso que ela é importante. O importante nesse tempo foi e têm sido me fortalecer sempre nas minhas convicções encontrando respostas em mim ou nos meus amigos pras dúvidas no caminho.

Talvez eu seja muito otimista. Vejo claramente uma linha de fatores, decisões e pequenos detalhes que compõe, virão a compor meu futuro ou o que eu quero que ele seja. E talvez sim, tudo seja uma questão de perspectiva. Talvez seja infantil pra você, ou meio bobo, mas se tem uma pessoa que realmente ouvi esses anos foi minha mãe. Pelas coisas que ela nunca disse.

Ela nunca me criticou destrutivamente, nem me disse que eu não era capaz. Ela não me disse pra manter os pés no chão quando eu subia alto quando pequeno. Ela não fazia graça das minhas idéias loucas, nem usava palavras que me ferissem. Eu tive sorte em ter pais excelentes, ter sempre bons exemplos de valores e de visão sobre a vida. Fora o privilégio de ter vindo pra França como estudante, o que facilita o processo e ainda reduz o preço ou torna gratuito o transporte, a moradia e a alimentação. Uma situação completamente diferente de todas as pessoas fugindo de guerras que estão nas ruas de Paris buscando esses três itens mencionados. Buscando paz. Ou seja, toda dificuldade é minúscula. O terceiro aprendizado, um mesmo quadro é completamente diferente se visto do outro lado da sala.

O privilégio de estar aqui é único e não vem sem responsabilidades. Não é apenas uma viagem nem apenas um diploma, uma linha pra incrementar o currículo ou uma oportunidade de ganhar dinheiro.

É o que você quer que seja. São as portas que você abrir, os contatos que fizer e o caminho de onde você quer chegar. É uma chance de ampliar suas perspectivas. É uma chance de usar seu privilégio e sua nova perspectiva pra mudar a vida de outras pessoas.

Por fim, aprendi a ser mais responsável. Pelos outros ao meu redor, pelo que eles sentem mas principalmente por quem são. Essa quarta lição veio meio que por consequência das outras. A França, ou melhor, os franceses ensinam uma lição preciosa da vida. 

Nunca esqueça o fator humano.

Claramente existe uma coisa perigosa acontecendo no mundo quando os materiais, os computadores, os aluguéis das salas de escritório são mais caros que os humanos que utilizam os materiais pra construir, os computadores pra criar e os espaços pra coexistir.

Algo que esta acontecendo na França nesse momento é que as pessoas se especializaram tanto nos seus métiers - sem tradução, bem vindo ao grupo de pessoas que buscam tradução pra essa palavra - que o custo da mão de obra é cerca de 5 vezes mais caro. Isso tem dois efeitos. Muito dinheiro circula, o tempo todo. O segundo é que as pessoas se tornam preciosas. Cada pessoa se torna um investimento sério e não um item descartável. Um ativo e não um passivo de uma empresa ou do sistema. Não importa onde ela esteja na pirâmide da sociedade - embora sua nacionalidade seja às vezes levada em consideração - ela tem seu valor.

Na foto acima, não sei se você reparou, mas eu estou embaçado e o fundo, focado. Esse primeiro ano foi assim. Tentando se encaixar, tentando se misturar na paisagem, tentando se adaptar à quem eles são ou quem eles pensam que são.

Mas nada disso importa meu caro leitor ou minha cara leitora.

Realmente, o que importa, hoje e no futuro, é quem você é.
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domingo, 8 de julho de 2018

Apresentações e retomada: será que agora vai?

Um bom dia pra todos,

É muito bom estar aqui pra anunciar que a G17 vai reativar esse blog. O último a postar aqui foi o Paulo, que já até formou (tanto na Ponts como na UFMG) e antes dele só em 2011. Muito dos registros que vocês encontram aqui ainda são muito válidos e contém informações valiosas. A ideia surgiu há algumas semanas, pouco antes da nossa viagem. O Felipe Félix gentilmente nos cedeu o acesso, o que agradecemos enormemente!

O programa de duplo diploma, pra quem não sabe, é a possibilidade de fazer 2 (ou 3) anos da sua graduação em Engenharia Civil na França. No caso da UFMG, o convênio é com a ENPC e a EIVP. Serão 6 pessoas indo para a ENPC e outras 4 indo para a EIVP esse ano. O aluno estuda na UFMG até o 6º ou 7º período, vai para a França e faz 2 anos de curso + estágio (que pode ser de 3 meses ou 1 ano).

Assim como grande parte dos colegas de G's anteriores, eu fiquei sabendo do programa quando entrei na UFMG em março de 2015 (olhando agora, essa foi a data do último post aqui). O Prof. Roberto Márcio passou uma das aulas da disciplina Introdução à Engenharia Civil falando sobre as oportunidades que o curso oferece e, dentre todas as citadas, a que mais me chamou a atenção foi a do Duplo Diploma.

Obviamente correr atrás de um programa como esse não passava de um sonho (especialmente quando foi comentado os requisitos que o candidato deveria ter), mas para que servem os sonhos se não para te direcionar no caminho que você quer seguir?

Mesmo aquele sendo um comentário bem rápido durante poucos minutos de uma aula de segunda-feira, foi como uma semente que o então coordenador do curso de Eng. Civil plantou. Não haviam muitas informações sobre o programa dentro da UFMG e com os professores era um pouco difícil conseguir (aliás, me pego imaginando o quão heróis foram as Gs que iniciaram esse blog pois se a dificuldade de encontrar informações já é grande hoje, imagine em 2010).

Exatamente nesse contexto, procurei no Google a solução (afinal, não é o que todos fazemos sempre?) e caí aqui nesse blog. Li todos os posts em um único dia, como uma avalanche de informação. Na época eu não sabia quase nada dos termos, bolsas, onde era a faculdade, como seria o curso, estágio longo, visto, Eiffel, CAPES,... mas esse blog ajudou a semear o que aquela aula plantou.

Sou muito grato a todos que já escreveram nesse blog (até mesmo nos comentários) e exatamente por isso o Huly e eu tivemos a ideia de reativá-lo. Queremos usar desse meio de comunicação para levar informação sobre o processo seletivo, sobre a escola, sobre bolsa, sobre a vida, situações aleatórias e o que mais torne-se pertinente. Ou seja, sintam-se livres para pedir pauta e perguntar o que quiserem. Queremos que esse blog seja para as futuras gerações o que ele foi para nós! #nãodeixeoblogmorrer

Por fim, queria convidar aos meus colegas e veteranos de Duplo-Diploma para acompanhar e, porque não, colaborar com esse espaço. Tenho certeza que muitos de vocês possuem histórias interessantes e ensinamentos importantes.

Esse é um espaço colaborativo. Vem com a gente!
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