quinta-feira, 15 de agosto de 2019

A última flor do Sena



Aos domingos, Paris amanhece estranha… é incrível. Há um marco zero diferente na cidade. Magnetizado, ele puxa os estudantes conforme o sol se impõe. À beira do Sena, lá está a flor, a última (ou a primeira), em um dos raros guetos de prédios novos e ruas largas da capital, encurralada entre o rio e a Biblioteca Nacional, apresento-lhes, mesdames et messieurs, La Barge du CROUS de Paris.

O caminho do beija-flor

É muito fácil chegar lá, independentemente de onde você estiver. Tem tramway 3a, tem a linha 14 do metrô, tem RER C, tem Vélib’, tem a porra da patinete elétrica. Só não tem desculpa pra não ir.
Cuidado! Se pegar a patinete elétrica, não ande na calçada. Se a fiscalização te parar, vai ter uma multinha pesada te esperando.
Indicações precisas de itinerário, só com o Google Maps e afins (aliás, baixa logo o Citymapper, melhor app do mundo pra se locomover em Paris). Sem rumo e sem bateria, vá pra Châtelet e pegue a 14 até a biblioteca, voilà ;)

O néctar

Além dos pratos bem mais ou menos, do jeito que o estudante gosta e tá acostumado, a barge é um ótimo endereço pra ouvir a língua portuguesa, a última flor do Lácio, nos mais variados sotaques. Porque sim, somos parecidos demais e pensamos igualzinho. Acho que a ideia de comer fora num almoço de domingo, em um barco sobre o Sena e por 3,25 € é irresistível demais pra um povo que assiste seus rios morrerem lentamente. Desculpa, desabafo político aqui.
ALERTA
Por enquanto não existem muitas opções veganas ou vegetarianas no cardápio, tomara que isso mude para as gerações seguintes.

Voar, voar… subir, subir…

Na parte de cima do barco tem um café bem legal. Nos dias de tempo bom pode valer a pena dar uma passada lá. Curti quando fui. Só uma vez, mas foi bacana.
Algum megaevento esportivo rolando? Normalmente eles transmitem algumas partidas de futebol na barge. Champions League quando tem PSG na fase de mata-mata (o que nunca dura muito, triste) ou mesmo a França nas Copas do Mundo e Eurocopa.
Copa do Mundo é um evento a parte, eles exibem todas as partidas das grandes seleções, exceto as do Brasil. Foi assim em 2018. Ou é raiva do Neymar, ou, no passado, alguns brasileiros tocaram o terror por lá.

Esplendor e sepultura

A barge é, em essência, um espaço de encontro barato e conveniente aos domingos. Repito, aos domingos, dia do brunch. Nos outros dias é como qualquer outro restaurante do CROUS, que existem aos montes pela cidade.
Quando você não se sentir mais turista na cidade, vai ver que os domingos realmente amanhecem diferente em Paris, e que o marco zero não é mais na Ile de la Cité. Quando perceber, já vai estar escutando o bom e velho avancez, s’il vous plaît ! da fila. Bon app’.
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